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A escalada das demissões no Rádio e na TV

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Na última sexta-feira (31) de maio, a equipe da secretaria do SinRadTV-RJ levantou um dado alarmante: o número de demissões no setor cresceu radicalmente este mês. 

desabafo do radialista Roberto Canázio (publicado na página do Sindicato) explica bem o que está acontecendo. Canázio fala das demissões na Rádio Globo, que mais uma vez implementa mudanças radicais na busca por uma renovação. Cortes na TV também viraram assunto esses dias, sobretudo os implementados pelo gestor Mariano Boni que já leva fama de “destruidor”. Ganharam notoriedade as demissões de famosos como Maju Coutinho, Adriane Galisteu, Fernanda Gentil e Otaviano Costa.

 

“É importante dizer que não é só na Globo. A Record, por exemplo, aproveitou pra criticar essas demissões de forma pitoresca, mas responde na justiça por um esquema de fraude trabalhista que gerou mais de 600 demissões. Então não é um caso isolado.”

(Assessoria de Comunicações do SinRadTv-RJ)

 

Mas o que pouco se fala é do perrengue que passam os profissionais menos famosos – igualmente ou até mais qualificados, e com longas contribuições no setor. Críticos como Canázio argumentam que as novas gestões estão dando errado justamente por não valorizarem os profissionais. Fato é que, em diversas empresas (SBT, Record, e a própria Globo), enquanto a desvalorização cresce os prejuízos não diminuem. Com o último levantamento do Sindicato, o que era flagrante agora se torna oficial: o número de demitidos em maio aumentou cerca de 800% em relação aos meses anteriores.

 

Como é feito o levantamento

Não existe uma lei determinando que as empresas divulguem informações sobre quantas pessoas contratam ou demitem. Mas as maiores empresas do RJ ainda realizam suas homologações na sede do Sindicato. Até a Reforma Trabalhista (2017), isso era obrigatório, hoje é opcional. Ainda assim, é uma tradição, já que no Sindicato os trabalhadores contam com uma assessoria gratuita e especializada para orientar sobre todas as dicas e protocolos necessários nesse momento difícil. Sempre que aumenta o movimento no setor de homologações, o Sindicato dos Trabalhadores em Rádio e TV do RJ contabiliza o número aproximado de demissões no setor. Esse mês, a conta chegou a 85 demitidos.

 

“Muita gente ainda acha que quem firma o pé, quem reivindica seus direitos e se envolve com Sindicato tem mais chance de ser demitido porque ‘incomoda’ a chefia. Esses dados mostram o contrário: a onda de demissões não só atingiu a todos como foi 71% mais pesada sobre quem não se envolve do que entre os sócios ativos no SinRadTV-RJ.”

(Assessoria de Comunicações do SinRadTv-RJ)

 

O cruzamento dos dados para chegar a essa conclusão é bem simples. Atualmente o Sindicato tem uma margem de 2.200 sócios para um total aproximado de 8.000 trabalhadores ativos nas mais de 60 empresas de Rádio e TV do estado. Esse número inclui celetistas e “autônomos” – categoria de sócios que engloba radialistas ativos nos demais regimes de trabalho (PJs, terceirizados, freelancers etc). Dentre os sócios, 23 foram demitidos em maio: 1,05%. Do outro lado, foram 85 demissões: 1,47% dos não-sócios. Na comparação proporcional, a demissão de radialistas que não eram sócios foi 71,43% maior.

 

 

O RJ é o segundo maior pólo de produção em Rádio e TV do Brasil. Nos últimos tempos, infelizmente tem sido comum que todo mês sejam demitidos 5 a 10 radialistas no estado. Em parte, porque algumas emissoras têm tido dificuldade em enfrentar o mercado na era digital – essa é a explicação padrão dos patrões. No entanto, a principal razão desse tipo específico de demissões que vem aumentando é outra.

Junto com esse cenário, é a desregulamentação profissional nos últimos anos que tem estimulado tantas empresas a empurrar contratos com menos direitos piores condições de trabalho para os radialistas. Sempre pagando menos, judiando mais dos funcionários, e raramente melhorando de fato a situação da empresa.

 

O que vem pela frente

Esses novos dados oficiais do Sindicato contribuem para uma avaliação mais precisa do cenário, e reforçam a necessidade de um reposicionamento das empresas. Entretanto, a situação ainda pode piorar – nos primeiros dois dias úteis de junho já foram feitas 6 novas homologações. É um fato que o setor de Rádio e Televisão passa por uma crise bem maior, que também tem muito a ver com as intervenções de grupos políticos e chega a envolver grupos de comunicação internacionais.

O governo enaltece o WhatsApp enquanto bate na Globo, se aproveita da Record, suborna o SBT, e aparelha a EBC. Tudo isso mantendo, é claro, a tradição de criminalizar as mídias livres e comunitárias – coisa que nenhum governo anterior mudou. Por baixo dos panos, a promiscuidade continua: dono de emissora eleito deputado, senador, prefeito que é sobrinho do dono da rádio, da TV e do jornal… Concentração, coronelismo e toda a sorte de tradições de um povo que se acostumou a viver sob os mandos e desmandos da Casa Grande. Uma elite que se acostumou a responder a todas as crises aumentando o peso sobre os ombros do próprio povo, enquanto enaltece a colonização estrangeira. Se foi assim que chegamos na sinuca, temos que mudar a atitude para sair dela.

Essa é a principal missão do nosso Sindicato: chegar junto com cada trabalhador em Rádio e TV para mudar essa realidade pra melhor. Enquanto as grandes emissoras estão demitindo e terceirizando radialistas, queremos estimular o oposto, mostrando que o respeito e o investimento no profissional é o caminho para retomar o crescimento das empresas.

Queremos mostrar um caminho novo e mais revigorante para o setor da comunicação, que volte a contratar mais e com melhores condições. Quem confere sabe que fazemos a diferença, e temos a competência para fazer muito mais, com o seu apoio. Clique aqui para conhecer melhor o nosso trabalho, e descubra como apoiar essa causa.

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