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2019 não foi fácil para os radialistas na Globo. Uma “reestruturação” sem precedentes na empresa (que poderia ser chamada de “uberização”) acompanhou centenas de demissões e precarização do trabalho. O último corte polêmico foi no plano de saúde, e gerou uma onda de protestos nas redes e ruas. Grupos de whatsapp criados pelos trabalhadores para organizar protestos contra a medida chegaram a 500 membros em poucos dias. A indignação é ainda maior na filial paulista, onde a empresa já acumulava más relações por não ter aceitado reajustar os salários e benefícios da CCT do ano passado.
A gota d’água foi que, além de reduzir o amparo aos trabalhadores e suas famílias, o corte nos planos de saúde fez uma segregação: tirou mais justamente de quem já recebe menos. Além de tudo, o momento não podia ser pior: com a saúde em uma crise gravíssima no Rio de Janeiro, radialistas do Projac se sentem desamparados. Justamente os que mais precisam (como os funcionários de nível técnico) agora se sentem traídos pela empresa, que tanto batia no peito porque oferecia um bom auxílio de saúde a todos.
Sem que nenhuma informação fosse dada aos sindicatos, que poderiam auxiliar e negociar uma mudança que não prejudicasse os funcionários, a empresa simplesmente deu a notícia quando tudo já estava feito. Diante do comunicado interno da Globo (abaixo), muitos empregados ficaram confusos no início, denunciando a falta de clareza sobre quais seriam os critérios para perder os benefícios:
As mudanças estão valendo desde 2 de janeiro de 2020. A emissora continuará não cobrando coparticipação em tratamentos longos, como cirurgia, RPG e exames realizados na rede credenciada. Entretanto, consultas, exames simples, atendimentos de emergência passarão por um valor fixo de 30% sobre a tabela negociada com a empresa que oferece o plano de saúde. Segundo levantam os próprios radialistas, estes são justamente os serviços mais utilizados. Antes, o abatimento era de 15%.
O limite da coparticipação permanece mantido em 5%, limitado a R$ 600. Todos os valores acima disso, também seguem cobertos pela Globo. O teto máximo para valores de reembolsos também serão alterados. Entretanto, a Globo não informou no comunicado quanto será o novo valor máximo de solicitação.
Uma mudança que também chamou a atenção foi no que diz respeito aos quartos para internação. A emissora dividiu os funcionários em grupos e quem pertencer a funções de nível técnico agora perdeu o direito a quartos particulares.
O comunicado também informa que a rede credenciada perderá alguns hospitais, mas também não cita quais. Em nota, o Sindicato dos Radialistas de SP destaca:
“Não é apenas a mudança de quarto para enfermaria, nem o desconto de 600 reais mensais, (que para aquele que ganha menos, representará um desconto enorme em seu já reduzido salário), mas com certeza teremos outras surpresas e pegadinhas quando os trabalhadores da emissora, ou um de seus familiares, precisarem usar o plano numa emergência médica. Já descobrimos que agora, para fazer uma cirurgia, será obrigatório uma segunda avaliação num grande hospital de São Paulo, e se o paciente não for na consulta ou se o segundo cirurgião, indicado pelo plano não achar necessária a cirurgia, o plano de saúde não irá liberar o procedimento.”