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Coronavírus e a rotina dos Trabalhadores em Rádio e TV do RJ

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Todos os cidadãos do Rio de Janeiro já estão cientes da gravidade e dos impactos do novo coronavirus. Mas a cada dia, novas notícias se propagam, e a própria Organização Mundial da Saúde, ao decretar a pandemia, alertou que a disseminação de falsas informações é um dos maiores desafios a combater nesse momento.

A vida de cada um de nós já mudou, e já é certo que haverão milhares de vítimas. Mas depende da nossa consciência e atitude agora evitar que haja mais de um milhão de mortos nos próximos meses.

 

Afinal, como atua a comunicação em uma pandemia?

A TV e o Rádio sem dúvida foram fundamentais para apresentar o “coronavirus” a milhões de brasileiros. Entretanto, muitos o conheceram primeiro na internet. Diferente de países como a Itália, o aumento de buscas online pelo tema no Brasil surgiu duas semanas a frente do contágio por aqui.

Com o status de pandemia e a propagação no país, os noticiários se intensificaram do dia para a noite. Além disso, pessoas próximas também informam umas às outras pelas mídias sociais, como o whatsapp. Mas quem nunca recebeu ou até mesmo repassou uma fake news (com a melhor das intenções) a um ente querido?

É através dos profissionais de comunicação que a população têm tido contato com fontes sérias e confiáveis, do campo da medicina e da ciência, para lidar com este vírus. Contudo, para nós que trabalhamos em Rádio e Televisão, o combate ao coronavírus é um desafio duplo. Nosso trabalho nas emissoras é crucial, mas não podemos ignorar as orientações de evitar ao máximo a circulação de pessoas. Então é urgente reorganizar nossas frentes de produção, respeitando as medidas de saúde e protegendo vidas.

 

Programação Especial

Durante esta semana, a maioria das empresas de Rádio e TV do RJ fizeram alterações inéditas na programação. É crucial que o mínimo de pessoas saia de casa nos próximos dias, e que se evite contatos e aglomerações. Portanto, programas de auditório e gravações de novelas e séries foram suspensos. No lugar, a programação foi incrementada com reprises e, sobretudo, um aumento dos programas jornalísticos.

É a primeira vez em 50 anos que a Globo suspende a novela das 21h. Agora, transmite 11h de cobertura diária sobre o vírus. SBT e Record também tomam medidas similares. Um ponto fora da curva é a continuidade das gravações da Casablanca no Marrocos, onde uma equipe do RJ ficou isolada sem poder voltar ao Brasil por tempo indeterminado.

Acompanhando a tendência mundial, aos poucos as emissoras daqui vêm se conscientizando. “Interrompendo as gravações, protegemos nossos talentos e, ao mesmo tempo, a sociedade. […] Evitar o contato físico é fundamental na estratégia da sociedade para conter a expansão do vírus.” Mas é crucial afastar não apenas as estrelas, como todos os trabalhadores possíveis, e sobretudo aqueles em grupo de risco.

 

O Máximo da Gente em Casa

É importante que os trabalhadores liberados cumpram este tempo de isolamento em casa. Principalmente para aqueles que estão nos chamados “grupos de risco”: pessoas com mais de 60 anos, pessoas que tenham doenças crônicas, dificuldades respiratórias ou que estejam com a saúde debilitada por outra razão neste momento. O risco de morte por coronavírus (que é de 3% na maioria da população) sobe para 14% ou mais nestes casos.

Além disso, os grupos de risco devem ser isolados porque geralmente demandam auxílio médico mesmo em casos leves da doença, e os sistemas de saúde (tanto público quanto privado) não possuem capacidade para atender a todos na velocidade que o coronavírus se espalha. Esta é a tragédia da Itália, onde não apenas estão morrendo pessoas infectadas pelo covid-19, como todas as pessoas com outras doenças que precisam de auxílio médico também estão prejudicadas pela superlotação.

Em algumas empresas e setores, o trabalhador liberado pode manter tarefas em casa (home office), flexibilizando práticas como o batimento de ponto presencial. Mas é importante que a empresa não exija dos funcionários uma estrutura própria para a realização do trabalho em casa. Ainda que os tempos sejam de cooperação, é importante que os direitos de todos sejam garantidos.

 

Impactos Financeiros

É evidente que a indústria relutou em abrir mão de receitas garantidas, como os comerciais no intervalo de novelas e programas de grande audiência que agora estão suspensos. Mas a compensação dessa receita pode vir do aumento da audiência do jornalismo. Com edições quase inteiramente dedicadas à cobertura do covid-19, o Jornal Nacional marcou em média 38 pontos de audiência no RJ – recorde desde 2012. Outras emissoras vêm apresentando o mesmo movimento de aumento da audiência no jornalismo.

Uma inserção de 30 segundos no JN custa cerca de 850.000 reais – um pouco mais que o mesmo tempo no intervalo da novela novela Amor de Mãe (com mais audiência e estimado em 830.000 reais). Segundo o balanço financeiro da Globo publicado esta semana, a empresa faturou no ano passado aproximadamente 10 bilhões de reais. Foram 4% a menos do que em 2018. Mas cerca de 1 bilhão deste lucro veio do corte de despesas, demissões e renegociações de contratos (mais de 10% do faturamento total).

Mesmo com grandes diferenças entre as diversas emissoras do RJ, o modelo de negócio com base em anunciantes, a flutuação de audiência e as políticas de cortes da Globo seguem os mesmos parâmetros que as outras empresas. Ou seja, as maiores delas continuam lucrando muito, e ainda têm plenas condições de garantir os direitos dos funcionários mesmo com essa pandemia.

 

Conscientização de Todos

Mesmo após o decreto governamental que suspendeu aulas, jogos de futebol e aglomerações de todo tipo no estado do Rio de Janeiro, muitas pessoas ainda acham que “é tudo alarmismo”. No outro extremo, o medo e o estresse leva muitas pessoas, em pânico, a tomar medidas exageradas e até erradas, prejudicando sua própria imunidade.

Uma nova pesquisa publicada esta semana na Inglaterra mudou radicalmente a postura de vários governos. Com base nas estatísticas, estima-se que sem adotar medidas coletivas de proteção, só o covid-19 mataria 1,4 milhões de brasileiros até agosto. Fora aqueles que precisarão de atendimento para outros problemas (acidentes, doenças diversas etc) e acabarão morrendo se os hospitais estiverem cheios.

Na sexta-feira (21/03) o governo brasileiro declarou que, mesmo com as medidas que já estão em curso, o sistema de saúde nacional entrará em colapso até abril. Não há dúvida que haverão mortes, infelizmente. Mas cada pessoa que já está em casa e se cuidando colabora para que este número já esteja reduzindo graças à nossa atitude.

O Rio de Janeiro foi um dos primeiros estados do Brasil a registrar uma evolução na transmissão do coronavírus 19, e esse impacto foi refletido rapidamente na rotina dos trabalhadores em Rádio e TV. Somos o segundo estado com maior número de casos, e a velocidade dos acontecimentos têm ditado mudanças rápidas e urgentes no cuidado diário de todas e todos.

 

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