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Trabalhadores e dirigentes do SINRAD RJ, junto a dirigentes de outras entidades como Moedeiros, Domésticas, Petroleiros, Enfermeiras, participaram do curso de formação sindical oferecido pela CUT. O CEPS – Concepção, Estrutura e Práticas Sindicais já é ministrado pela entidade a décadas, mas pela primeira vez foi realizado de forma virtual, adaptado a nova realidade de distanciamento social em consequência da pandemia de COVID -19. Cerca de 22 dirigentes e trabalhadores radialistas participaram das atividades onde tomaram conhecimento da concepção de organização de um sindicato antiburocrático, anticorporativista, anticapitalista e classista, preconizado pela central. As aulas foram ministradas pelo assessor de formação e educador da entidade Jairo Dutra. É ele que nos explica nesta entrevista sobre essa jornada de aprendizado.
Jairo Dutra: O mercado de trabalho hoje, representatividade da CUT e a formação da classe trabalhadoras – sindicatos no pré-1930. O 1º Governo de Vargas e a estrutura sindical corporativa – sindicatos entre a conciliação e o conflito de classes. Os diferentes contextos políticos e a ação sindical no período da breve redemocratização em 1945 ao golpe de 1964. O movimento de fundação da CUT, o desafio de superação do corporativismo sindical e sua atualidade.
Jairo Dutra: Refletir sobre a história da classe trabalhadora brasileira e de suas organizações nos diferentes contextos na perspectiva das lutas cotidianas por direitos. Compreender proposta de organização sindical da CUT e seu contraponto ao corporativismo. E refletir sobre os desafios atuais do movimento sindical CUTista.
Jairo Dutra: Sempre é bom conviver e trocar conhecimentos com grupos de militantes e dirigentes sindicais. É muita riqueza. Mas devemos considerar que em nossos cursos há sempre uma intencionalidade. No caso do curso CEPS, destacamos os princípios fundantes da Central Única dos Trabalhadores e sua atualidade no atual contexto histórico. Atuo na rede de formação da CUT já algum tempo. Trabalhamos com uma metodologia participativa que tenta promover a integração do grupo, considerando sua heterogeneidade e as diferentes experiências e acúmulos nele contida.
Jairo Dutra: Sempre aprendemos. Com esse grupo, em particular, em sua grande maioria composto por dirigentes do SINRADTV-RJ (mas não só), gostaria de destacar o grau elevado de respeito mútuo e disciplina no exercício do debate a partir do uso da plataforma remota, por onde viabilizamos sua realização, mesmo diante de temas controversos.
Jairo Dutra: Para nós da CUT, a formação é um elemento estratégico e ela só existe enquanto uma ferramenta da organização e da mobilização da classe trabalhadora, considerando aqui a categoria profissional representada e o conjunto da classe, para a transformação da sociedade que julgamos estar fundada num sistema de dominação e exploração que é o capitalismo. Temos que considerar que os tais ‘ganhos’ da formação não são imediatos. Em certa medida, podemos avaliá-lo a partir das novas ações e práticas sindicais que a formação possa ter impulsionado. No caso do CEPS, um dado concreto seria, por exemplo, que a direção discutiu e organizou ações no sentido de promover o trabalho de base e a criação de organizações por local de trabalho. Mas isso necessita de um tempo de maturação, planejamento e acompanhamento.
Jairo Dutra: Sem dúvida nenhuma, o golpe político-jurídico-midiático que interrompeu o governo da Presidenta Dilma Roussef, eleita democraticamente nas urnas em 2014, abriu o caminho para os setores conservadores e reacionários abrirem a porteira de ataques aos direitos e as conquistas da classe trabalhadora. Já em dezembro de 2016, o governo Temer e o Congresso Nacional golpista aprovaram a Emenda Constitucional n.º 95, também conhecida como a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, para instituir o Novo Regime Fiscal. Tal legislação determinou o congelamento por 20 anos dos gastos do governo com os investimentos sociais (educação, saúde, moradia, saneamento, segurança e outros). Na sequência, em março e abril de 2017, aprovaram a Leia da Terceirização possibilitando sua extensão para todas as áreas das empresas não se limitando mais às chamadas “áreas meios”. Em seguida veio a aprovação da Reforma Trabalhista, a partir de uma proposta que teve origem na CNI (sindicato nacional dos empresários da indústria). Essa reforma representou um ataque direto a organização dos trabalhadores e aos sindicatos, promoveu unilateralmente seu desfinanciamento com o fim do imposto sindical de uma hora para outra – sem um período de transição – retirou do sindicato o direito da homologação das demissões, acabou de vez com a ultratividade dos acordos e contratos coletivos de trabalho, além de abrir caminho para a negociação direta entre patrões e empregados sem a mediação do seu órgão de representação. Ou seja, o cenário não é nada animador. A CUT e o movimento sindical resistem dentro desse quadro de retrocessos políticos e organizativos e tem se desafiado a repensar sua estratégia política. Em seu 13º Congresso (CONCUT) realizado em 2019, definiu 3 (três) eixos prioritários de ação política até 2023, dentre os quais destaco o desafio de ampliar a sua representação e fortalecer a sua organização, com a atualização do projeto organizativo, para além da base de representação das categorias profissionais. Não será fácil. Nunca achamos que seria. Por isso, estamos unidos na luta por melhores dias.
Jairo Dutra: A luta sindical pressupõe comprometimento, capacidade de leitura crítica da realidade, altivez e determinação. A Secretaria Estadual de Formação da CUT-RJ, sob a liderança de Elizabeth Guastini (enfermeira e dirigente sindical), entende a formação como um processo permanente e coletivo, fundamental para construir a unidade de ação e o fortalecimento da solidariedade de classe.
Manoel Bordini
O curso atendeu a minha expectativa. Fizemos uma viagem pela história. Desde o final da escravidão e o início do Sistema Capitalista, quando os trabalhadores começaram a se organizar em sindicatos, com as suas lutas e greves, conquistando assim os seus direitos, até os dias de hoje.
Humberto Filho
Apesar dos 15 como Dirigente Sindical, sempre temos o que aprender. Na verdade, nada substitui um curso presencial cara a cara, dinâmicas de grupo, sinergia entre os participantes. O curso nos ofereceu em nos dar conhecimentos dos primórdios da história Sindical no país, como as primeiras greves, os primeiros movimentos de mobilização de trabalhadores, as perseguições governamentais a esses movimentos e muito mais.
Nos fez refletir como agir nos mobilizarmos nessa nova realidade após a reforma trabalhista (a qual enfraqueceu os sindicatos).
Junior Sumaré
Minha avaliação foi muito positiva enquanto trabalhador. Todas as questões que foram discutidas nos ajudam a avanças na luta. Foi muito complementador e me atualizou nas questões sindicais. O maior ganho com o curso foi abrir a visão do mundo da luta dos trabalhadores. Foi uma troca fantástica. Inclusive com trabalhadores e trabalhadoras de diferentes categorias.