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Você mais pobre, eles mais ricos: quem paga a conta da pandemia?

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A pergunta é provocativa: afinal, quem paga a conta da pandemia? Entre 18 de março e 12 de julho, a fortuna dos 42 super-ricos do Brasil passou de US$ 123,1 bilhões para US$ 157,1 bilhões. Analisando o ano inteiro, vemos que o aumento da miséria é tragicamente proporcional ao crescimento do lucro dos mais ricos. Cruzando dados oficiais com informações dos principais rankings internacionais de grandes fortunas, você verá o verdadeiro absurdo em que estamos nos afundando no Brasil.

Antes da Covid-19, tínhamos 12 milhões de desempregados no país e cerca de 40 milhões de trabalhadores informais, quase todos sem proteção social nenhuma. Com a pandemia, o desemprego caminha para dobrar até o final do ano, segundo análise da Fundação Getúlio Vargas. Mais de 600 mil micros, pequenas e médias empresas brasileiras já fecharam as portas.

“Os dados são assustadores. Ver um pequeno grupo de milionários lucrarem como nunca numa das regiões mais desiguais do mundo é um tapa na cara da sociedade que, tanto no Brasil como nos demais países latino-americanos e caribenhos, está lutando com todas suas forças para manter a cabeça para fora d’água”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Está mais do que na hora da elite brasileira contribuir renunciando a privilégios e pagando mais e melhores impostos”.

Contradição ou Consequência?

Mesmo em meio a uma das mais graves crises econômicas mundiais da história recente, os 42 bilionários brasileiros viram o conjunto de suas fortunas crescer US$ 34 bilhões nos meses da pandemia. A fortuna desses brasileiros puxa uma tendência que também está acontecendo com outros países da região da América Latina.

“A riqueza dessa elite de supermilionários da região cresceu 17% desde meados de março: US$ 48,2 bilhões, que equivalem a 38% do total dos pacotes de estímulo que o conjunto de governos implementou e a nove vezes a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) com empréstimos de urgência à região até o presente momento”, afirma o relatório.

Na outra ponta da pirâmide social, a covid-19 deixou meio bilhão de pessoas no limite da pobreza, até agora. Quatrocentos milhões de empregos não existem mais e 430 milhões de pequenos negócios estão sob risco de falência.

Desemprego e Fortuna

Diante do desespero e da insegurança vividos pelas milhões de famílias brasileiras que vêm dependendo de auxílios emergenciais para sobreviver – que ninguém sabe dizer por quanto tempo – a comparação é ainda mais cruel.

A relação atualizada pela revista Forbes Brasil mostra que 33 brasileiros alcançaram fortuna superior a R$ 1 bilhão no último ano, fazendo com que o total de ricaços nacionais chegasse a 238. No mesmo período, até julho deste ano, o governo federal gastou R$ 166,9 bilhões com o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, de acordo com a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados.

“A Covid-19 não é igual para todos. Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar. Eles estão em outro mundo, o dos privilégios e das fortunas que seguem crescendo em meio à, talvez, maior crise econômica, social e de saúde do planeta no último século”, diz a especialista.

O valor acumulado pelos 33 maiores bilionários brasileiros poderia pagar auxílios emergenciais para TODA a população do país (209 milhões de pessoas) por mais de mês. Se uma pequena parcela fosse destinada a quem realmente precisa, supriria tranquilamente a população que vive hoje do auxílio, enquanto não possui outras formas de renda.

A questão é que a fortuna desses bilionários cresce na mesma medida que o desemprego. Portanto, o mesmo dinheiro que poderia sustentar milhões de famílias através de empregos de qualidade, hoje está grangrenando a economia, acumulado nos bolsos de menos de 50 pessoas. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já apurou que a pandemia de Covid-19 deixou 41 milhões de desempregados só na América Latina. Já o Banco Mundial prevê que até o fim do ano nossa região terá 50 milhões pessoas abaixo da linha da pobreza.

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