Em pleno combate à pandemia do Covid-19, algumas Rádios e TVs demitem mais de 300 trabalhadores no Rio de Janeiro. Entre 23 e 24 de março, foram demitidos em massa profissionais da Dial Brasil (rádios Mix e Sul América Paradiso FM) e também da Casablanca, maior produtora da TV Record. O Sindicato dos Trabalhadores em Rádio e TV do RJ (SinRadTv-RJ) repudia com veemência a atitude das emissoras.

“Nesse momento, é para as empresas estarem garantindo o emprego das pessoas para que a crise seja amenizada. É lamentável que algumas empresas só pensem no próprio umbigo e façam uma coisa como essa, que só prejudica o país e a nação em um momento como este. Mais de 300 trabalhadores desempregados no momento que mais precisam manter uma renda.”
Leonel Querino, Presidente do SinRadTv-RJ

Demissões em massa como essas, sem diálogo ou acordos, eram totalmente ilegais até a reforma trabalhista. Alguns anos antes, o SinRadTv-RJ venceu uma ação milionária a favor dos trabalhadores prejudicados em uma demissão em massa envolvendo a própria Casablanca e o grupo Record. Pelo voto de políticos como Jair Bolsonaro, hoje esses profissionais ficam à míngua e os sindicatos de mãos atadas. Ainda assim, os advogados sindicais continuam na briga para desmascarar uma série de fraudes envolvidas na precarização dos trabalhadores do grupo Record. Contudo, enfrentam dificuldades imensamente maiores no atual cenário.

“Contratados como PJ (pessoa jurídica), os profissionais envolvidos nas produções dos folhetins deixam a empresa com a roupa do corpo, sem nenhum direito trabalhista ou rescisão contratual, justamente num piores momentos da economia brasileira e em cenário de alto índice de desemprego, que será agravado pela pandemia do coronavírus. Inclusive, a equipe que estava no Marrocos gravando ‘Gênesis’ e foi trazida para o Brasil no último domingo (22) também foi demitida. Também sem direito a nada. A revolta entre os profissionais foi por não ter havido nenhum diálogo ou tentativa de negociação. A Casablanca sequer esperou o mês vencer para fazer as demissões, reclamam.”
Citação: O Dia

A Casablanca até o momento não deu nenhuma declaração ao Sindicato. Mas a assessoria da Sul América Paradiso deixa bem clara a situação. Simplesmente aqueles que são terceirizados ou contratados como PJ não são considerados “funcionários”. Há menos de 5 anos isso seria impensável (quando era proibida a terceirização de atividades fins)

“1. Nenhum funcionário foi demitido
2. O programa de estágio foi temporariamente suspenso
3. Os programas matutinos foram temporariamente suspensos (comunicadores e apresentadores terceirizados ficarão por essa razão fora do ar)
4. Algumas empresas terceirizadas tiveram seus contratos temporariamente suspensos

Reiteramos portanto, mais uma vez, que nenhum funcionário foi demitido, pelo contrário, acionistas e diretores executivos, estão fazendo todos os esforços no sentido de manter todo o time nas suas respectivas funções, ainda q tenha havido dramática queda de anunciantes/faturamento.”
Citação: Sul América Paradiso FM

É evidente que as empresas estão em dificuldade com a mudança abrupta nas rotinas de trabalho em plena pandemia. Já se diziam frágeis antes, com novas mídias competindo pelos seus anunciantes. Mas essa mesma razão é que deveria levar o governo a lutar para garantir boas condições de trabalho, pois o contrário está matando a economia.

Praticamente todas as empresas de Rádio e TV do Rio hoje estão repletas de profissionais sem direitos garantidos. Independente da qualidade do seu trabalho, da sua experiência, da sua dedicação, se for terceirizado ou PJ, está sujeito a ser demitido a qualquer momento. E cada vez mais pessoas são contratadas nessas duas modalidades.

É urgente que cada trabalhador se mobilize contra essa política de ataque aos nossos direitos. Converse com seus colegas, procure seu sindicato, e chega junto! Essa luta é de todos nós.